Como sua visão, seu corpo e sua mente estão sendo afetados pelo excesso de telas

O uso prolongado de dispositivos digitais pode causar problemas oculares, físicos e até contribuir para desequilíbrios emocionais

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O Setembro Amarelo é amplamente reconhecido como o mês de conscientização sobre a prevenção do suicídio e a importância do cuidado com a saúde mental. No entanto, falar sobre bem-estar não significa abordar apenas os aspectos emocionais e psicológicos, pois fatores físicos e hábitos cotidianos também exercem grande influência sobre a mente. Entre eles, o uso excessivo de telas.

Computadores, celulares, tablets e televisores fazem parte da rotina de praticamente toda a população. Embora sejam ferramentas indispensáveis para o trabalho, estudo e lazer, a exposição prolongada a esses dispositivos tem sido associada a problemas que vão muito além da fadiga ocular. O sedentarismo, as alterações de postura e até mesmo alterações no sono são consequências cada vez mais frequentes.

O uso excessivo de telas no Brasil e no mundo

Estudos mostram que a média global de tempo de tela cresceu significativamente nos últimos anos, especialmente após a pandemia, quando as interações presenciais foram substituídas por atividades online.

No Brasil, pesquisas apontam que adultos passam, em média, mais de 9 horas por dia diante de telas – e o número é ainda maior entre adolescentes e jovens.

Esse padrão de comportamento digital trouxe ganhos em produtividade e acesso à informação, mas também desencadeou efeitos negativos para a saúde ocular, física e mental. 

Portanto, compreender esses impactos é essencial para estabelecer estratégias de prevenção e promoção da qualidade de vida.

Impactos do excesso de telas na saúde ocular

O primeiro sinal de que o corpo sente o impacto do tempo de tela geralmente aparece nos olhos. A chamada Síndrome da Visão do Computador (CVS) é cada vez mais comum e reúne sintomas como fadiga ocular, visão borrada, ressecamento, vermelhidão e dores de cabeça.

Além disso, a exposição prolongada a dispositivos digitais tem sido apontada como um dos fatores de risco para o aumento dos casos de miopia, especialmente entre crianças e adolescentes.

O uso intenso de telas em ambientes fechados, combinado à menor exposição à luz natural, favorece uma progressão ainda mais rápida desses problemas oculares.

Outro ponto importante é a emissão de luz azul pelas telas, que pode prejudicar a produção de melatonina, hormônio essencial para a regulação do sono. Consequentemente, noites mal dormidas afetam a concentração, a memória e até o humor, criando um ciclo prejudicial para a saúde mental.

Consequências físicas do sedentarismo ligado às telas

O impacto do tempo excessivo de tela não se restringe apenas à visão. O corpo como um todo é afetado pela falta de movimento. Ficar longos períodos sentado em frente a computadores ou celulares favorece posturas inadequadas, aumentando o risco de dores musculares e problemas de coluna.

O sedentarismo associado ao uso prolongado de telas também contribui para quadros de sobrepeso, obesidade, hipertensão e alterações metabólicas, o que pode aumentar o risco de doenças cardiovasculares. Além disso, a falta de atividade física reduz a disposição, prejudica a circulação sanguínea e pode afetar diretamente a autoestima do indivíduo.

Todos esses fatores têm impacto indireto sobre a saúde mental. Pessoas fisicamente menos ativas tendem a apresentar maior risco de desenvolver ansiedade e sintomas depressivos, reforçando a importância de uma rotina equilibrada.

Efeitos cognitivos e mentais

Se, por um lado, a tecnologia proporciona agilidade e acesso a informações, por outro, o excesso de tempo conectado também compromete funções cognitivas importantes. Pesquisas recentes indicam que a exposição exagerada às telas pode reduzir a capacidade de concentração, afetar a memória de curto prazo e diminuir a eficiência em tarefas que exigem atenção contínua.

Além disso, o contato constante com redes sociais, jogos e aplicativos pode gerar sobrecarga de estímulos, aumentando os níveis de estresse e ansiedade. A longo prazo, isso pode prejudicar o desenvolvimento de crianças e adolescentes, além de impactar negativamente a qualidade de vida dos adultos.

Nesse contexto, o Setembro Amarelo nos lembra que a prevenção em saúde mental não está limitada ao diagnóstico de doenças emocionais, mas também à adoção de hábitos saudáveis que influenciam diretamente o equilíbrio psicológico.

Dicas práticas para reduzir os impactos

O uso de telas faz parte da vida moderna e não pode ser simplesmente eliminado. Contudo, algumas medidas simples ajudam a reduzir seus efeitos negativos:

  • Faça pausas regulares: adote a regra 20-20-20 – a cada 20 minutos, desvie o olhar da tela por 20 segundos e foque em algo a 6 metros de distância;
  • Limite o tempo de tela: estabeleça horários para lazer digital e incentive crianças e adolescentes a equilibrar o tempo entre tecnologia e atividades offline;
  • Pratique atividade física: alongamentos, caminhadas e exercícios diários ajudam a compensar o sedentarismo e melhoram o humor;
  • Cuide do sono: evite telas pelo menos uma hora antes de dormir para favorecer a produção natural de melatonina;
  • Mantenha acompanhamento médico: consultas regulares com oftalmologista e médico de família ajudam a identificar precocemente alterações na saúde física e mental.

O Setembro Amarelo é um convite para refletir sobre a importância do cuidado integral com a saúde. Ao falar sobre o impacto das telas, é possível compreender que a prevenção vai além do emocional: cuidar dos olhos, do corpo e dos hábitos diários também é fundamental para preservar o equilíbrio mental.

Pequenas mudanças na rotina, como pausas regulares, prática de exercícios e moderação no uso da tecnologia, podem fazer grande diferença.

Afinal, promover qualidade de vida é um ato de autocuidado que beneficia não apenas a mente, mas todo o organismo.

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