Se você viveu o início dos anos 2000, provavelmente lembra da cena da novela Laços de Família que emocionou o Brasil: Camila, personagem interpretada por Carolina Dieckmann, raspando a cabeça em meio à luta contra a leucemia. Foi um daqueles momentos que transcenderam a ficção e se tornaram um marco cultural. Mas o impacto dessa novela foi além da dramaturgia – ela gerou um movimento real, o “Efeito Camila”, – e ajudou a mudar a história da doação de medula óssea no Brasil.
Na época, pouca gente falava sobre leucemia, e menos ainda sabia que a medula óssea podia ser doada. O número de doadores no REDOME (Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea) era baixo, e encontrar compatibilidade para um transplante era quase como ganhar na loteria. Mas, depois da exibição da novela, algo impressionante aconteceu: em poucos meses, o número de cadastros aumentou em mais de 1.000%, salvando vidas que antes não teriam esperança.
Isso mostra o poder da informação e da conscientização. Quanto mais falamos sobre um assunto, menos ele assusta. O Fevereiro Laranja surge justamente para isso: desmistificar a leucemia, falar sobre sintomas, diagnóstico e, principalmente, reforçar que a cura pode estar na doação de medula.
Muita gente ainda acha que doar medula óssea é um processo doloroso ou complicado, mas a realidade é bem diferente. O cadastro é simples, e a doação, quando necessária, é feita de forma segura e sem grandes riscos para o doador. Só que, para que mais pessoas tenham a chance de encontrar um doador compatível, o número de cadastros precisa crescer.
A novela já fez a parte dela, agora é a nossa vez. Se você ainda não é doador, que tal mudar isso hoje? Seu gesto pode ser a esperança que alguém está esperando.